Sou parte de tudo que me constroi
Partes esparramadas de sentimentos
Sou alimento, garfo, faca e boca
Ouroboros em forma de boi
Sou amor, sem querer, já querendo
Partes rejuntadas de teimosia
Sou o querer ser você, sendo eu
Murmúrios borbulhantes sem vento
Sou tudo que tenho e que tento
Repetição, esforço, reação e contentamento
Sou morrer vivendo no breu
Repetição, esforço, emoção e desvelamento
Sou suspiro ou pura aquarela
A mistura de ser gente e indecente
Sou a dor, sem sentir, já doendo
Anima, alma que esconde e revela
Sou alegria, lágrimas e você
A ilusão que se forma matéria
Sou belo, melódico e triste
Ou só a mistura de ser e não ser
Sou esperança que o fim já existe
Enquanto ainda dentro de um corpo pequeno
Sem contar tantas vezes,
emerjo como quem não resiste
Feliz inconsequente do que fui
Me espreguiço e volto a nascer;.