Pedaços inteiros

Sou parte de tudo que me constroi
Partes esparramadas de sentimentos
Sou alimento, garfo, faca e boca
Ouroboros em forma de boi

Sou amor, sem querer, já querendo
Partes rejuntadas de teimosia
Sou o querer ser você, sendo eu
Murmúrios borbulhantes sem vento

Sou tudo que tenho e que tento
Repetição, esforço, reação e contentamento
Sou morrer vivendo no breu
Repetição, esforço, emoção e desvelamento

Sou suspiro ou pura aquarela
A mistura de ser gente e indecente
Sou a dor, sem sentir, já doendo
Anima, alma que esconde e revela

Sou alegria, lágrimas e você
A ilusão que se forma matéria
Sou belo, melódico e triste
Ou só a mistura de ser e não ser

Sou esperança que o fim já existe
Enquanto ainda dentro de um corpo pequeno
Sem contar tantas vezes,
emerjo como quem não resiste

Feliz inconsequente do que fui
Me espreguiço e volto a nascer;.

Caminhos

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Só mais desta vez
ela mandou em mim
escolhi o futuro
ela mudou meu presente
escolhi ficar
ela me deixou ausente
escolhi amar
ela me deu de repente
um balde d’agua
e um dormente

Não importa o meu traçado
Se em tristeza ou alegria
Menos ainda o meu cajado
Ou o que faço do meu caminho
Ela dita a toda hora
e não pensa como a gente
nem quer atrapalhar a
estória de um ente
Mas leva tudo que passa a sua frente

Eu, você ou qualquer um
só nos basta entender
que a vida é pra viver
não tem momento algum
mesmo querendo ganhar
é a Vida que nos faz caminhar
cheia de si e dona do mundo
mostra pra todos quem manda
se na reta vou dominando
na curva é ela quem ganha

O caminho já esta feito
meus olhos que não vêem
meus pés sentem o chão
só que as vezes já não tem
e voar é necessário
Alguém nos dá a mão
ou cair pra algum lugar
Alguém nos dá um chute
ou saimos do caminho
pra outro caminho navegar

É a vida que me leva
onde leva a natureza
mas também levo ela
pois assim como sou parte
no pouco que me cabe
peso pra um lado e ela sente
que ser humano, inteligente
é viver a vida no presente
e se ela não olha pra gente
eu caminho com ela contente!

– x –

A todos nós que de alguma forma temos que lidar com as surpresas da vida que nos tira o chão, nos tira o céu, nos tira o sono, mas continuamos optando por viver o melhor possível e fazer das nossas experiências verdadeiros ritos de passagem para seres humanos melhores.

Alexandre Bizinoto

Arauto em todos os sentidos

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Meu mensageiro da paz,
Emissário de esperança,
Viajante dos velhos mundos,
Pregador dos novos tempos,
Não escondes quem és,
Não mascara a candura,
Não renega a inocência.
Portador da transcendencia.

Parte hoje silenciosamente
Em oração e sabiamente
Vida nova meu Arauto,
Desbrava seus caminhos
e neles nossos encontros.
Cante teu hino servil
e nos derrame de bênçãos
teu enorme amor juvenil.

Sobe depressa ao  monte e anuncia
Tão cedo uma grande aventura
que tua própria descoberta de alegria,
fascina, extasia, reflete a candura.
Será o amor em forma de gente,
Ou gente transformando em amor,
Será o orgulho,  tanto pecado
de ver tamanho legado?

Acompanho teus passos meu filho
Saúdo e Ilumino teu caminho.
Como que nos pede em oração.
Ilumina, filho meu, o meu também,
o consola esse coração saudoso.
Que  as lagrimas que enclausuro
Sejam libertadas, lavando a poeira do caminho
que reserva ao teu belo futuro.

Ao Enzo.
Vitória 29/06/2014

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Parte

Vai longe pedaço de mim

Parte pro mundo que te deseja inteira.

Arranca daqui parte do céu

que me clareia.

vai iluminar outros mundos de lá.

Deixa o mar que me escorre dos olhos

e parte minha pequenina.

Leva contigo também parte de mim,

A boa, se alguma tiver.

Deixa a saudade crescer

pra te ver de longe

conquistar o mundo

e voltar pra mim pequena princesa.

Que outrora só um parzinho de olhos curiosos,

Outrora só  uma boca lambona,

Outrora bracinhos suplicantes,

Hora pedindo carinho,

Hora chorando num canto,

Hora calada sorrindo,

Outrora querendo colinho,

Outrora só minha sonhando no ninho.

Agora o mundo te pede

A lembrança me deixa.

Agora já um pedaço inteiro de mim,

Sem mim.

Agora a boca despede,

Os bracinhos se afastam,

a lagrima verte,

o sorriso some,

a saudade reparte,

em antes e agora.

Veja o egoísmo é esse de um pai apaixonado,

mas é a vida que urge a realidade,

tú que um dia partiu dos meus sonhos pra mudar a minha

parte de novo, minha flor, meu tesouro, meu jasmim.

Reparte com o mundo a felicidade que você sempre trouxe pra mim.

 

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o Nó

No fim resta a ponta

e nela ninguém

só o resto

o nó

o suspiro

o ultimo respiro

o grito embutido

o amargo

sem dó

o certo encolhido

o vazio

o errado escolhido

o pavio

amor que se perde

amigo se vai

Vai-se a Luz

e a querida chama apaga

fumaça escorre

amarras se soltam

os nós da criação

de dentro do coração

transforma

adoração

em afiado facão

não desata, amputa,

a morte derradeira

é podre

é fatal

quiçá pudesse escolher

um diferente final;

Um tesouro se perde

outro derrete

como nunca tivesse

ter admirado valor

agora

um asno que aparece.

nada importa ou apetece.

perde pra morte

quanto pra vida

É assim que o tempo vai

Some o nó de atadura

Some o sorriso e a candura

que te prende ao coração

Volta o nó da emoção

de não ser mais um irmão. 

O homem Morre

Morre sim,

Morre de amor, de dor.

Morre de velhice,

Morre de trombada,

Morre de Morte morrida,

ou Morte Matada.

não importa como

o homem Morre!

mas Morre!

e o homem Nasce de novo

Nasce quando

sente a brisa da manhã chegar

Nasce com um tapinha amigo.

Nasce no alvorecer da cidade

Nasce porque tem que Nascer

Nasce na noite

esperando  um amor.

Ou Nasce de um sonho de ser homem de novo.

mas Nasce!

Um dia

Um dia,
talvez, quando a morte chegar
E finalmente
a certeza que a dúvida nunca existiu tomar conta de mim
E as várias formas de mim mesmo emergirem
desejos
nunca os mesmos
Poemas que teimam em não ser entendidos jamais
Tão simples e sutil
como uma rima pobre e caipira
que aloja em minha superficialidade e na profundeza do que é ser humano
injetada na alma sem qualquer proteção
some no deserto de outras vidas
Transforma num eco
um ranso
um tapa em mim mesmo
Sempre louco
liso

pelo que jaz
pelo que fez
pelo que faz

dança
rima
roda
tonteia
desconformado
esperneia

Um dia…
isso não mais vai ter importancia.

No compasso

Curto o tempo
Tempo curto
Tudo que passa
Passa no vento
Venta lá fora
Chove aqui dentro
Dentro cê chora
Chora e adora
Em vista das vistas
Procure ver bem
Pois bem me conheço
Não conheço ninguém
Ninguém está em casa
Cansado estou eu
Sonolento também
Tão bem tem passado
Que ao passo pesado
Pesa o corpo
Cor podre por dentro
Calado por fora
Visto que agora
Cedendo ao tempo
Me empurra pra fora
Ah! Não me amola!
 

Senil idade

Olhar tristinho, já sem vida
Quanto pensamento já pensei
O que sobra é se ver nutrida
Da mais jovem. Cansei.

A alegria de outrora
Aos poucos se esvai.
Coisa simples, chora
sem saber com quem sai.

Brancos às vezes, tudo torna
Vejo um homem, vejo um anjo.
Ao falar os sons revoltam.
Da boca só tremor arranjo.

Gritos. Brancos volto a ver
Será que é hora de arrepender?
Já não tenho consciência
sou humana carencia

Deus meu, luz clara
outro descanso me darei.
num foco, tudo separa
tudo branco agora, parei.

Essas palavras me vieram em fevereiro de 2003, em Belo Horizonte, quando acompanhava um amigo a um hospital. A velhice, as vezes, me parece tão infantil. Sabe, quando vc olha uma criança e pensa no futuro dela? O que vai fazer da vida? O que vai ser? Com a velhice a gente faz o inverso, fica meio com inveja do que ela já passou. O tempo que viveu e o que fez dele. Nos dois casos a gente não tem como saber, mas dá muita vontade.